quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Oculto

Sentei aqui para escrever, mas minhas mãos já não se movem. Tenho a mente vazia. Já não psicografo minhas próprias mensagens ocultas. Já não entendo nada. E nada; é tudo. Vazio. Cru. Interminável.
Há uma linha tênue e invisível prendendo meus punhos à cama. Os olhos não abrem. A paisagem é nuvem cinza de tempestade violenta. Formigueiro de sentimentos consumindo o açúcar do algodão que já não é doce e está sujo demais para limpar feridas. E não há outra maneira de sobreviver.
É que quando as palavras calam surge em mim uma vontade louca de chorar. Chorar os pensamentos fugidios que sei que estão em algum lugar onde não alcanço. Talvez passem por mim acelerados sem que eu possa capturá-los, pois meus movimentos são lentos, fruto da vida sedentária que venho levando.
Só me saem essas lágrimas secas e invisíveis. O que guardo é mais salgado. Mais profundo. O que guardo já não quero guardar, mas não tem jeito. O que guardo sou eu protegida por uma cápsula de gelatina bamba em cima de uma mesa torta.

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