quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Oculto

Sentei aqui para escrever, mas minhas mãos já não se movem. Tenho a mente vazia. Já não psicografo minhas próprias mensagens ocultas. Já não entendo nada. E nada; é tudo. Vazio. Cru. Interminável.
Há uma linha tênue e invisível prendendo meus punhos à cama. Os olhos não abrem. A paisagem é nuvem cinza de tempestade violenta. Formigueiro de sentimentos consumindo o açúcar do algodão que já não é doce e está sujo demais para limpar feridas. E não há outra maneira de sobreviver.
É que quando as palavras calam surge em mim uma vontade louca de chorar. Chorar os pensamentos fugidios que sei que estão em algum lugar onde não alcanço. Talvez passem por mim acelerados sem que eu possa capturá-los, pois meus movimentos são lentos, fruto da vida sedentária que venho levando.
Só me saem essas lágrimas secas e invisíveis. O que guardo é mais salgado. Mais profundo. O que guardo já não quero guardar, mas não tem jeito. O que guardo sou eu protegida por uma cápsula de gelatina bamba em cima de uma mesa torta.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Big Fish

http://www.youtube.com/watch?v=tAeS0UKCVug&feature=player_embedded

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Do agora.

do salto
do instante
do flagra
do estopim
do estouro
do contrário
do início
do erro
do inusitado.

sábado, 13 de agosto de 2011

.

Um milhão
de mulheres inacreditáveis na avenida
e você grintando meu nome

somos mulheres inacreditáveis querida
somo homens

nossos blues é indiano
e suas unhas vermelhas
combinam com seu carro
de supermercado
recolhendo lata
trepidando na calçada

será que um dia
sua coxa engrossa
sua unha desbota?

como é que seria você
cruzando salto na praça?
desejada pela multidão
gritando seu nome
em garganta que esgarça?

a tarde passa
e ela inaugura um novo padrão

dinheiro eu sei que te falta
mas você tem coração?

terça-feira, 9 de agosto de 2011

- E então, o que me diz?

-Nada, nada. Fico apenas calada, observando-te enquanto posso. Um dia, talvez eu não possa mais, talvez eu não queira mais. Enquanto eu posso, enquanto eu quero, te observo, te sigo, te tomo com café e sem mais poesias. É assim que tenho você. Assim. Na minha mudez que grita seu nome-vida pelos meus poros. Nos meus cabelos que brilham o brilho dos seus olhos. Nos seus tantos jeitos de falar e cantar. É assim que tenho você e que quero você. Perto, tão perto que nem você mesmo pode saber o quão perto está e nem que eu queira, consigo te levar pra longe.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Liberdade (ou descaso)

Busco conhecer todos os lugares que vejo
(mas em nenhum permaneço)
Por aí, seduzo só o que desejo
(até de amar eu esqueço)

Não me surpreendo, nem faço exigências
(é tanta liberdade, quase um descaso)
Não procuro supridores de carências
(e quando me apego, é por acaso)

Meu corpo nunca serviu de abrigo
(e eu não crio raízes)
Não há quem sempre estivesse comigo
(e eu não costumo fazer as pessoas felizes)

Fidelidade nunca foi o meu forte:
Eu sempre estive sem estar.