domingo, 29 de setembro de 2013

(...)

Sendo eu puta e atriz
Desejo que me abram, como ferida
Esvaziem-me a alma, e mais
Roubem-me a calma e toda a paz
Porque é no desespero que me sinto em vida
E acabo exposta, como cicatriz.
Escuta...
Esse é o meu guia de sobrevivência
Vivo e morro assim, meu bem:
Mastigando e engolindo amor
Vomitando poesia e dor
Sobrevivendo de coisas que vão, e nem sempre vêm.

E amanhã?
(infinitas reticências)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

"Tudo flui", segundo Heráclito. Tudo está em movimento, e nada dura eternamente. Por isso, não podemos "entrar duas vezes no mesmo rio". Porque quando entro no no rio pela segunda vez, tanto eu como o rio estamos mudados.

O Mundo de Sofia

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Dos apontamentos de Harry Haller


(O Lobo da Estepe, Herman Hesse)

-Você trazia no íntimo uma imagem da vida, uma fé, uma exigência; estava disposto a feitos, a sofrimentos e sacrifícios, e logo aos poucos notou que o mundo não lhe pedia nenhuma ação, nenhum sacrifício nem algo semelhante; que a vida não é nenhum poema épico, com rasgos de heróis e coisas parecidas, mas um salão burguês, no qual se vive inteiramente feliz com a comida e a bebida, o café e o tricô, o jogo de cartas e a música de rádio. E quem aspira a outra coisa e traz em si o heróico e o belo, a veneração pelos grandes poetas ou a veneração pelos santos, não passa de um louco ou de um Quixote. Pois bem, meu amigo, comigo também foi assim! Eu era uma jovem bem dotada, com vocação para viver dentro de um elevado padrão, para esperar muito de mim mesma e para realizar grandes feitos. Poderia ter um belo futuro, ser a esposa de um rei, a amante de um revolucionário, a irmã de um gênio, a mãe de um mártir. E a vida só me permitiu ser uma cortesã de mediano bom gosto, o que já se vai tornando bastante difícil para mim! Foi isso o que me aconteceu. Fiquei algum tempo desconsolada e procurei com afinco a culpa em mim mesma. A vida, pensava eu, sempre acaba tendo razão, e se a vida se ria dos meus belos sonhos, pensava, era porque meus sonhos tinham sido estúpidos e irracionais. Mas isso não me valeu de nada. Mas como tivesse bons olhos e ouvidos, e, além disso, fosse curiosa, examinei com toda a atenção a chamada vida, observei meus vizinhos e conhecidos, pouco mais de cinqüenta pessoas e destinos, e percebi então, Harry, que meus sonhos estavam certos, estavam mil vezes certos, assim como os seus. Mas a vida, a realidade, não tinha razão. O fato de uma mulher da minha classe não ter alternativa senão envelhecer de uma maneira insensata e pobremente junto a uma máquina de escrever a serviço de um capitalista, ou casar-se com ele por seu dinheiro ou converter-se numa espécie de meretriz, era tão injusto quanto o de um homem como você, solitário, tímido e desesperado, ter de recorrer à navalha de barbear para matar-se. Talvez a miséria em mim fosse mais material e moral, e em você mais espiritual; mas o caminho era o mesmo. Pensa que eu não pude reconhecer sua angústia diante do foxtrote, sua repugnância pelos bares e pelos dancings e tudo o mais? Compreendia e muito bem, como compreendia seu horror pela política, sua tristeza pelo palavreado vão e a conduta irresponsável dos partidos e da imprensa; seu desespero diante da guerra, as passadas e as futuras; pela maneira como hoje se pensa, se lê, se edifica, se compõe música, se celebram as festas e se educa! Você tem razão, Lobo da Estepe, mil vezes razão, e contudo terá de perecer. Vive demasiadamente faminto e cheio de desejos para um mundo tão singelo, tão cômodo, que se contenta com tão pouco; para o mundo de hoje em dia, que lhe cospe em cima, você tem uma dimensão a mais. Quem quiser hoje viver e satisfazer-se com sua vida, não pode ser uma pessoa assim como você e eu. Quem quiser música em vez de balbúrdia, alegria em vez de prazer, alma em vez de dinheiro, verdadeiro trabalho em vez de exploração, verdadeira paixão em vez de jogo, para este não há lugar neste belo mundo em que padecemos...

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Cotidiano

Dias bons para tirar a minha fera para passear.
Dei-lhe comida. Escovei o pelo.
Agora mostro-lhe o movimento.
Instigo-lhe com cheiros e convido-lhe à caça.
Solto-lhe à rua. 


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

L'excessive


Chegou a hora d'eu ir.
Roupas, dinheiro, o vinho santo
Deixei tudo em seu devido canto
Mas eu...
Sei que não caibo mais aqui.

Minha múltipla personalidade
Não permite esconder:
Preciso engolir, devorar,
Me perder, me achar... Fugir, sem ter um cais
Saciar minha sede de mais.
Amo você, mas mais ainda a minha liberdade.

E na grandeza da cidade, as coisas cruas da vida:
Nos corpos, observo as feridas
Nas almas, sinto as ausências
Nos corações, restam carências
Nas mentes, só as loucuras...
Cada homem, uma criatura

Não sei onde vou chegar
E quero que ninguém me siga.
Não sei se um dia vou parar
Ou se alguma coisa vou conseguir...
Mas vou. Sem máscaras, proteções ou escudos,
Vou atrás de tudo: tudo aquilo que me instiga.

terça-feira, 10 de julho de 2012

25 de julho de 2011

                                  http://www.youtube.com/watch?v=QbAZiVRG6h0


quinta-feira, 22 de março de 2012

Strange


Eu gosto do seu silêncio, também.
Eu gosto, juro que gosto.
Gosto tanto das palavras quanto do silêncio.
Por isso não te chamo, não te busco, não te espero.
Porque meu gostar, vai além de tudo isso.
E tudo, tudo que sou agora tem um pedaço imenso seu.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Cai o pano

Não quero sair de cena
Mas as pedras estão surgindo no meu caminho
E assim que a turbulência passar
Terei que partir sem lembrar o que ficou

Sentirei muitas saudades
Mas tem horas que o eclipse não é bom para a lua
E assim é melhor seguir a estrada
Para que o céu volte a ter estrelas

Meu destino sempre foi feito de inglórias
Já não tenho mesmo esperança
De encontrar outros campos abertos
Onde possa acampar com minhas vestes surradas

O pano vai cair no fim espetáculo
Minhas lágrimas já molham o palco
E eu não sei sorrir para você ver meus olhos
Enquanto a sala fica vazia

Um dia lembrará que passei na tormenta
E que talvez eu não tenha sido a calmaria que esperava
Mas saberei levar na lembrança os momentos felizes
Mesmo que para isso os infelizes também me sigam

Meu destino é incerto
Meu coração é partido
Minha aflição em deixar-te é tudo que temo
Mas mesmo assim cairá o pano

Meus temores irão tomar posse das minhas terras
Meu por do sol não será como sonhei
Só tenho que me despedir
Sei que será melhor pra você

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Pistache

Eu sinto muito que não pudemos tomar café antes de eu ir embora
Espero que o treino tenha sido bom
Eu já sinto falta do seu sorriso e sinto falta da sua companhia
Estou pensando em você no táxi e eu penso em você quando estou ocupada
Eu gosto tanto de você
Eu gosto dos suéteres que você usa
Eu gosto dos seus dentes
E eu gosto quando você faz a barba
Eu gosto de ficar bêbada com vinho Rose
Chocolate Amargo, jantar congelado
Trocando cartões, fazendo desenhos
Sempre lembrando, eu esqueço mas você sempre se lembra
Piso de madeira, guarda-roupas, lojas de doces, paradas de metrô
brigas, lágrimas e pensamentos sobre o futuro
Mas vamos nos concentrar no presente
Como fita adesiva amarrada tão fortemente
Eu amo pensar em você, eu nunca ri tanto
Me sinto tão bem, como uma criança
Tão livre quanto um pássaro, um pássaro nu
Me jogue água com a mangueira no calor do verão
Mãos suadas e úmidas, de mãos dadas
Tanta porcaria na minha bolsa
Coisas demais, mas nós adoramos guardar coisas
Cartas, ingressos, caixas, fotografias, lembranças, embalagens
Estou convencida de que algum dia eu farei disso algo muito legal
Se arrume, se vista bem
Rasgue tudo e corra pelo meu rosto
Pelo meu corpo e por minhas veias
Faça meu cabelo se arrepiar
Me assuste, me dê confiança
Um segredo, eu me sinto segura e confortável e eu não quero ir embora
Porque eu estou de volta a quando eu tinha sete anos de idade coberta de glitter
Arranhe, pule, corra, caia e estamos em pé novamente
Beijos, eu amo comer beijos
Eu amo quando você desenha algo e não está morto
"Ela" se move pra fora das páginas, tem vida
Mas qualquer coisa que você faça pode me fazer chorar
Eu quero sentir, ser, viver, respirar, tocar, ver, cair, comer
Fazer bolo, pintar, eu quero estar com você
Eu não tenho tempo pra mais ninguém
Eu não quero ficar com eles
Eu quero me mudar para a nossa casa num campo
Só me diga quando e eu estarei lá
Eu largaria tudo por você
Você é meu melhor amigo. meu namorado
Minha mente está ocupada.
Meu sussurro está bem alto
Acima da lua e de volta
Quem eu amo é você
Você é o mais modesto, o mais divertido, mais animador
Eu quero passar a maior parte do meu tempo com você
Porque com você ele vale mais a pena
Você é o mais bonitinho, esperto e bobinho
Faminto, enérgico, apaixonado, assustado, interessante, carente
Como um filme, uma pessoa de mentira"?"
Eu quero tomar sorvete de pistache, comer chocolate
Ter aquela surpresa boa quando a manteiga é sem sal,
E comer sal do pacote
Gritar até estar com o rosto azul
Conhecer gente francesa, ir às imagens
Te mostrar minhas ruas remendadas
Conhecer todas as pessoas que você poderia conhecer
Só para eles saberem que você é meu amor
E que você pertence a mim
É, eu sei que ela é bonitinha e engraçada
Mas, na verdade, ela não é um 'eu', ela é um 'nós'
Uma nação unida de absoluta falta de senso
Uma comunidade, uma vizinhança vigiada
Corpo de bombeiros, Parque temático, espaço, tempo e energia
Talento, beleza
Eles não te amam como eu te amo.


Ventos na Primavera

Tire os sapatos. Sinta-se em casa.
Sente a energia que o Universo está mandando pra nós?
Os erros. Caminhos. Coincidências. Olhares. Pensamentos.
Sente. Sente o amor. Ele vai além de tudo que se possa imaginar.
Ele sou eu. Você sou eu.
Voe
Não há com o que se preocupar, o tempo espera.
Ele é nosso, esqueceu?

S i n ta
a
v o n t a d e .

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

...

Antes da chuva parar, ela fica mais forte. Antes da lâmpada queimar, ela brilha o máximo possível. Antes do copo quebrar, ele insiste em ser absurdamente sólido. Antes do gás do forno acabar, as chamas crescem e queimam mais. Antes do fim da melodia há o silêncio para a última nota. Antes da última palavra do soneto há o sentimento condensado em versos. Antes do sentir há o estar distraído. Antes do amar há, apenas, o não amar.

Amar com Poesia

Um dia sonhei com poesia
Pensei em inventar coisas
Tipo amor
Tipo nostalgia

Um dia tentei descobrir o que era o mar
Tentei querer amar
Imaginando que seria só fantasia
Amar na poesia

Um dia pensei em sentir o perfume das flores
Viver sem sentir dores
Um dia tentei viver
Esquecer que queria morrer

Um dia quis saborear o néctar
Cortei-me nos vidros
Sangrei sem ser ouvido

Um dia vou deixar de amar com poesia
E vou morrer para essa vida
Sem sonhos
Nem fantasia
Vou morrer pra poesia